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Quem tem medo de biblioteca?
Fanáticos literários são grandes fãs de aglomerações de livros, capas velhas, papel amarelado, aquele cheirinho caracteristico de mofo... Grandes bibliotecas podem ser um parque de diversões. Existem também os que não gostam (mas eu prefiro acreditar que não foram corretamente apresentados) das letrinhas, para esses o local é apenas um depósito de papel velho...
No entanto, mesmo para quem gosta, visitar uma biblioteca pode ser uma experiência aterrorizante! Principalmente as de escolas. Graças a um personagem característico, figurinha "marcada e repetida". Olhinhos cruéis e fulminantes por trás de uma armação de óculos com lentes grossas e quadradas; a roupa formal, normalmente cinza ou bege e o modo displiscente como que folheia as páginas de alguma publicação indefinida, ao mesmo tempo em que mantém a atenção e o ódio no olhar vigiando os frequentadores do estabelecimento... Sim, a bibliotecária é uma criatura potencialmente maligna!!
Essa espécie tem uma maneira doentia de amar os livros. Acredita que todos os volumes da biblioteca são de sua propriedade, e mesmo que o exemplar emprestado já esteja terminantemente esfarrapado, ela dará uma recomendação (na verdade uma ordem, disfarçada com uma sutileza amedrontadora no tom de voz) para ter cuidado com a obra, e experimente devolver o livro com uma orelinha a mais, ou a menos!!! São também pessoas audiofóbicas e o som que mais detestam é o de risos... Bibliotecas não podem ser lugares felizes, mesmo com toda a sua promessa de diversão, cada gargalhada será reprimida por um pedido de silêncio seco e autoritário.
Mas ainda pior é o modo como essa pessoa despreza as nossa escolhas literárias, uma impáfia com postura de superior, que não leva em conta o esforço cultural, o livro que queremos pegar é sempre uma decisão mediocre, aainda que isso contrarie a sua lógica de paixão por todos os seus tomos do conhecimento... É aquele ato de lamber o polegar, dar uma folhadinha, conferir as orelinhas, preencher o tempo de devolução e entregar o livro, fazendo uma cara de "compaixão compreensiva", como que dizendo: "Coitadinho, mas ele se esforça...".
Bernardo

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