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Odeio ir em supermercados...


É conceitual, ideológico, congênito... Visitar esses grandiosos estabelecimentos comerciais costuma ser um sofrimento, necessitando um esforço herculeo culminando em um Bernie neurótico e infeliz.

É um amontoado de prateleiras sempre iguais, onde produtos mal etiquetados e uma variedade enorme de um mesmo produto (mas da marca que se quer não tem!!) que conspiram para que no caixa, seja necessário voltar ao corredor da compra pois a etiqueta não foi registrada.

Pior, nesse ambiente inóspito, 90% dos seres-humanos não sabem se locomover... Não há regras de comportamento. As pessoas largam carrinhos onde bem entenderem (de preferência no meio do corredor), não fazem questão de desviar do seu calcanhar (aliás, o padrão de reação é que o seu calcanhar suma do planeta!). Pessoas param contemplativas em frente à prateleira do produto que você que comprar, mas na verdade elas nem estão interessadas, pensando na vida mesmo...

Comprando vegetais... Isso aqui pesa ou não pesa? Tira uma batata do balaio e toda a pilha desaba ao chão num protesto colérico... Os tomates ruborizam-se em gargalhadas, a berinjela manda um olhar de censura (com G ou com J desgramada?). O horror... O negócio é comer só carne e carboidratos... Esses intelectualóides alimentícios são muito metidos.

E vamos para a fila do caixa! Ainda não é o final, mas miséria, é quase! Eis que a fila do lado, na melhor condição murphyana (deve ser assim e se não for tenho todo o direito de errar pela própria lei), sempre anda mais rápido. Na sua frente, uma idosa gentil leva seis comprinhas. Deus sabe qual o motivo dela não ter escolhido o caixa rápido ou o preferencial para velhinhos... Mas eu não sei! E é claro que ela vai lembrar de algo da lista no exato momento em que tudo estiver registrado, vai pagar com moedinhas, ou com um cheque preenchido de forma contemplativa, serena, praticamente filosófica.

Minha vez! No entanto, eis que após impressa a nota da experiente compradora anterior, acabou o papel da máquina... Dá para entender, não dá?



Em compensação... Adoro ir no supermercado!


Desde que o "convite" seja o certo...

Ambos odiamos o lugar... Temos 30 minutos para fazer as compras de um churrasco para 10 pessoas... O super está cheio, cabecinhas grisalhas despontam por todo o lado... Multidão... Diversão!

A lista tem frente e verso... Vamos nos separar para ir mais rápido? Não, vamos juntos!

Primeiro a carne! As rodinhas de acrílico gritam enquanto desviam das pessoas normais, a cadeirinha bate com a velocidade da ação, 250 pessoas dominam as prateleiras das proteínas de origem animal... Nenhum calcanhar foi vitimado.

- Precisamos de salsichão né?

- Mas aqui só tem linguiça!!

- Linguiça é salsichão...

- Hein!?

- Isso!

Agora vamos para a fila do açougue... Menos congestionada, só uns 12 seres-humanos

- Dois quilos de costela né?

- Aham, e mais dois de costela de ovelha!

- Costela de que? Nunca comprei isso na vida! Nem sei se é branco ou vermelho... Azul?


Alguém reparou que faltam 8 minutos e só compramos as carnes? Putz! Corre, corre... Acho que não vai dar! Vamos comprar as batatas rosas! Nãoooooo! as batatas não!! Tá então eu compro as batatas, vai pegar duas Fantas, light!

Farinha de trigo, frango, fritas... Freedom! Vai para o caixa enquanto eu compro a gelatina... puf! puf! puf!... Suadouro... sorriso... risadas. A verdade está lá fora?
Bernardo

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